Cozinha com Propósito: Capacitação para o Festival da Mandioca em Santa Maria da Serra

No dia 16 de junho, estive em Santa Maria da Serra para conduzir uma palestra especial voltada aos empreendedores da área gastronômica da cidade. A atividade foi realizada em parceria com a Prefeitura Municipal como parte da preparação para o 5º Festival Gastronômico da Mandioca — um evento que celebra sabores, histórias e tradições locais.

A capacitação teve duração de quatro horas e trouxe reflexões práticas sobre gastronomia como vetor de identidade, economia e hospitalidade. A mandioca, protagonista do festival, foi o ponto de partida para falarmos sobre inovação, sustentabilidade e a importância de transformar o prato em experiência.

Saberes que Alimentam

Falamos sobre como a mandioca representa mais do que um ingrediente: ela é símbolo da cozinha brasileira, carrega técnicas ancestrais e oferece versatilidade tanto em receitas tradicionais quanto em criações contemporâneas. A mandioca pode virar pão, bolinho, sobremesa, petisco de feira ou prato de alta gastronomia. Basta sensibilidade, respeito ao ingrediente e um olhar criativo.

Gastronomia como Produto Turístico

Outro ponto forte da palestra foi a visão da gastronomia como um produto turístico estratégico. Apresentamos dados, tendências e ideias para que os empreendedores criem experiências completas — do sabor à narrativa. Falamos sobre nomes criativos para pratos, uso de ingredientes locais, boas práticas de manipulação e apresentação visual.

Cada prato conta uma história. E contar essa história é o que transforma o trabalho de um cozinheiro ou cozinheira em uma ponte entre cultura, memória e desenvolvimento local.

Valorização Profissional e Boas Práticas

Abordamos também temas essenciais como segurança alimentar, montagem de pratos, cuidados sanitários em eventos e os principais pontos da RDC 216/2004 da Anvisa. Afinal, qualidade e segurança são pré-requisitos para qualquer experiência gastronômica marcante.

Foi uma manhã de trocas genuínas, escuta atenta e vontade coletiva de fazer bonito — não só no festival, mas em cada cozinha que representa Santa Maria da Serra.

Agradeço à Prefeitura de Santa Maria da Serra pela confiança e parceria, e parabenizo todos os participantes pelo engajamento e pela paixão com que empreendem e representam sua cidade através da comida.

Se você também acredita que cozinhar é mais do que alimentar — é criar memórias, servir cultura e transformar realidades — te convido a acompanhar o trabalho do The Cooking School. Estamos juntos na missão de valorizar os sabores do nosso território.

Gastronomia de Verdade: O Que Vi (e Provei) Como Jurado no 4º Festival Gastronômico da Mandioca

Sabe quando chega um convite que te enche de orgulho? Na noite de  13 de julho , tive a alegria de ser jurado no 4º Festival Gastronômico da Mandioca, realizado na cidade de Santa Maria da Serra – SP. O Evento teve a participação dos restaurante e chefs locais com o apoio da Prefeitura Municipal de Santa Maria da Serra.

Como chef e associado da FIC – Federazione Italiana Cuochi Brasil, representar a The Cooking School em um evento como esse foi mais do que uma honra: foi uma oportunidade de valorizar os ingredientes da nossa terra e reconhecer a força da cultura alimentar brasileira.

Mais do que uma competição culinária, o festival foi um verdadeiro encontro de saberes, sabores e histórias em torno da mandioca — um ingrediente símbolo da identidade alimentar do nosso país.

Tive a honra de dividir a bancada de jurados com duas mulheres inspiradoras: Cintia Tomie Suguino, turismóloga da Partiu Rural e instrutora de Turismo do Senar-SP, e Rose Vasselo, vice-prefeita de Santa Maria da Serra e grande entusiasta da cultura local. O olhar atento e sensível de cada uma tornou a experiência ainda mais rica.

Durante o evento, provamos receitas que iam do tradicional ao criativo, do comfort food ao ousado. Teve mandioca em pratos doces, salgados, massas, petiscos, bebidas e até em preparos que surpreenderam pela originalidade. 
Ser jurado é muito mais do que degustar. É escutar, observar, valorizar a técnica e, principalmente, entender a história por trás de cada receita. Muitas delas traziam memórias afetivas, referências culturais e um forte vínculo com o território. 

O festival reforçou algo em que acredito profundamente: a mandioca é um patrimônio vivo da nossa culinária. Um ingrediente versátil, afetivo, e cheio de possibilidades — que merece ser valorizado e explorado com respeito e criatividade.

Agradeço imensamente à organização pelo convite e pela confiança. Participar dessa edição foi uma experiência marcante, e mais uma prova de que a gastronomia é uma ponte poderosa entre tradição e inovação.

E se você ainda não participou de um festival como esse, fica aqui meu convite para o próximo Festival que ocorrerá em julho de 2025. Experimente, converse, descubra. A mandioca (e a cozinha brasileira como um todo) tem muito a nos ensinar.

Até a próxima!

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Fui entrevistado pela revista italiana Pizza & Core!

Com muita alegria, compartilho que fui entrevistado pela revista Pizza & Core, uma das publicações mais respeitadas da Itália quando o assunto é pizza e panificação.

Na matéria, conto um pouco da minha trajetória como pizzaiolo, da paixão que tenho pela fermentação natural, da escolha criteriosa das farinhas e do meu trabalho em valorizar tanto as tradições italianas quanto os ingredientes brasileiros. Falei também sobre como a pizza se conecta com turismo, cultura e identidade — algo que levo muito a sério no meu dia a dia.

Ver meu nome numa revista como essa, que inspira profissionais do mundo todo, é motivo de orgulho e uma motivação extra para seguir estudando e compartilhando o que sei com quem também ama a arte da boa pizza.

👉 Clique aqui para ler a entrevista completa (em italiano)

Matéria em Português

Pizza no Brasil? Uma instituição em São Paulo

Nesta edição, a Pizza&core leva você ao distante, grandioso e fascinante Brasil, um país que, graças à grande emigração italiana, é um dos maiores consumidores de pizza. Considere que São Paulo foi decretada a cidade “mais italiana” do mundo, graças ao número exponencial de pizzarias, mais de 6.000. Nos acompanhando nessa jornada estará o protagonista da nossa última entrevista, Eduardo Graziano, da Pizzeria Graziano, nascido em São Paulo, mas neto de italianos.
Eduardo, por que você decidiu se tornar pizzaiolo e restaurateur?
“Como muitos outros italianos, eu também decidi manter as tradições culinárias e gastronômicas dos imigrantes do Bel Paese e da minha família. Minha avó (italiana) tinha uma trattoria na Toscana e meu pai herdou dela essa veia empreendedora, então, aos trinta anos, abriu a primeira pizzaria na cidade de Tatuí, na província de São Paulo. Aprendi a profissão de chef e restaurateur com meus pais, mas também tive a oportunidade de cursar a Faculdade de Gastronomia e fazer outros cursos. Agora, além de trabalhar e administrar meu próprio restaurante (restaurante-pizzaria), dou aulas de culinária italiana para chefs brasileiros e também sou sócio da Federação Italiana de Chefs.

O que você cozinha em seu restaurante?
Somos um restaurante típico que há quase 30 anos oferece pratos à base de massas frescas preparadas diariamente: petiscos, risotos, carnes, frutos do mar e, claro, nossas famosas pizzas.

Conte-me um pouco sobre a cidade de Tatuí, onde você trabalha.
Tatuí sempre foi ponto de passagem dos primeiros exploradores, os “Tropeiros” (pioneiros), que introduziram uma culinária muito rica e variada, fruto de suas viagens. Essa culinária não mudou com a chegada dos primeiros imigrantes europeus no final do século XIX. Pratos como Feijão Tropeiro (feijão, bacon e farinha de milho), Galinhada (sopa de milho com flores de abobrinha) e todos aqueles pratos à base de mandioca, milho e carne-seca ainda são preparados, servidos e apreciados. Tatuí é uma cidade onde a imigração italiana foi muito forte, assim como a espanhola e a portuguesa. Sendo uma cidade com quase 190 anos de história, a cultura alimentar trazida pelos imigrantes italianos passou por profundas mudanças. Produtos locais foram incorporados a muitos dos pratos, mas as técnicas mais comuns da culinária italiana não se perderam».

Na Itália, a comida é um ritual importante, todo italiano é um pouco chef e nós, italianos, seríamos capazes de discutir por horas sobre como preparar um prato. Em vez disso, no Brasil, o que a comida representa?
Dentro da comunidade italiana, essa característica é exatamente a mesma: também somos capazes de passar horas e horas discutindo sobre comida antes de chegar a um acordo. Com a elevação da riqueza no país e a chegada de chefs europeus ao comando dos grandes restaurantes, principalmente em São Paulo, o brasileiro também está aprendendo a cultura da culinária. Hoje, o brasileiro sabe que a diferença entre um prato bom e um aceitável está justamente na sua execução cuidadosa e com produtos de alta qualidade.

Como a pizza é vista no Brasil?
Uma instituição de São Paulo. Ao contrário da pizza italiana, a pizza no Brasil é preparada com diversos recheios e em maiores quantidades. A criatividade do paulistano fez com que o resto do país também conhecesse a pizza. Não é incomum encontrar mais de 100 tipos de pizza nos cardápios. Com a chegada dos produtos italianos, algumas pizzarias passaram a preparar a típica pizza napolitana. A minha pizzaria foi a primeira na província de São Paulo* (*a revista mencionou como sendo “na província de São Paulo”, mas o correto seria dizer interior do estado.) a oferecer a Margherita, como se come em Nápoles. Uma curiosidade: no Brasil, a pizza é consumida no jantar e, durante o dia, poucos bares servem pizza em fatias (e de baixa qualidade)».

Que conselho você daria a um italiano que deseja abrir um restaurante no Brasil?
«A burocracia no Brasil dificulta a abertura de novos negócios, há muitas leis e os impostos são muito altos. Mas é um mercado em rápida expansão, onde o empreendedor precisa ter um bom plano de negócios e conhecimento do mercado. Como já disse, os brasileiros querem produtos e serviços de alta qualidade e, em geral, estão cada vez mais buscando atender às necessidades dos turistas. Com boas informações, uma ótima ideia e muita vontade de trabalhar, um empreendedor italiano poderia investir no Brasil e ter sucesso».

02/08/2012